ALFRED WEGENER: LOUCO OU VISIONÁRIO?
O alemão Alfred Lothar Wegener nasceu na cidade de Berlim em 1880. Alfred amava realizar expedições, principalmente na Groenlândia, onde esteve por três vezes. Era praticante de esportes radicais como o esqui, alpinismo e foi um exímio balonista, tendo obtido o recorde mundial em permanência no ar em um voo de balão.
Doutor em Astronomia pela Universidade de Marburg em 1905, Wegener atuava como docente na área de Meteorologia da mesma universidade e publicou um trabalho clássico sobre a termodinâmica da atmosfera. Interessava-se muito por meteorologia e paleoclimatologia. Após a Primeira Guerra Mundial, atuou como diretor do Departamento de Pesquisa Meteorológica do Observatório Marinho de Hamburgo e ministrou aulas de Meteorologia e Geofísica na Universidade de Graz, Áustria. Criou na Groenlândia uma estação de pesquisa para fazer medições meteorológicas.
Disponível em: http://www.environmentandsociety.org/exhibitions/wegener-diaries/biography-alfred-wegener
Alfred Wegener foi o maior revolucionário da história da Geologia.
Nas décadas finais do séc. XIX e início do séc. XX observamos grandes descobertas científicas, da física ao novo tempo geológico. Os questionamentos acerca da geologia nessa época estavam muito acalorados e desde o início do séc. XIX discutia-se sobre a evolução das grandes cadeias montanhosas. Na última década do séc. XIX, já se sabia um pouco mais sobre as regiões montanhosas e as discussões geológicas se deslocaram para o problema da idade da Terra.
Enquanto os cientistas se preocupavam em determinar a idade da Terra, dentro da ciência havia um ponto bastante obscuro: Por que há alguns gêneros de animais e plantas, incluindo fósseis, em continentes geograficamente distantes? Na época, os cientistas sugeriram que no passado havia pontes intercontinentais contínuas e estreitas ligando o Brasil à África, Índia à Madagascar, Índia à Austrália e América do Norte à Europa. Essa ideia foi aceita e outras foram surgindo, mas não foram consideradas pela comunidade científica da época.
Alfred Wegener que era meteorologista começou a se interessar sobre a história antiga dos continentes da Terra e levantou a hipótese da ocorrência de um ajuste geométrico entre os continentes que faziam limites ao Oceano Atlântico, e que esse ajuste teria auxiliado na distribuição geográfica das espécies entre os continentes. Em 1910, questionou-se pela primeira vez sobre a movimentação horizontal da crosta terrestre, quando estudava a semelhança entre as linhas de costa da América do Sul e África. Com o avançar dos estudos, ele encontrou semelhança entre outros continentes.
Em 1912, Wegener apresentou o resultado dos seus estudos na conferência da Associação Geológica da Alemanha, em Frankfurt. Denominada de “Teoria da Deriva dos Continentes”, sua hipótese era de que, no período Carbonífero, havia um supercontinente, denominado Pangea, que ao final do período Mesozóico teria se dividido em vários continentes menores, dando origem aos continentes atuais (LAVINA, 2010). Em 1915 publicou um livro considerado polêmico sobre essa teoria – Die Entstehung der Kontinente Und Ozeane.
A Teoria da Deriva dos Continentes quebrou a ideia de “terra firme” e suscitou crises existenciais em muitos geólogos, geofísicos e paleontólogos. Os pesquisadores tinham a convicção de que os continentes eram grandes e pesados demais para se moverem, como propunha Wegener. Entretanto, a teoria despertou curiosidade e gerou muita discussão, além de inúmeras críticas e muito mal-estar, tanto em leigos como em cientistas até 1930, quando então perdeu força e a comunidade cientifica desconsiderou completamente a teoria.
A Teoria da Deriva dos Continentes foi considerada não científica e Wegener foi chamado de louco.
Weneger morreu congelado em 1930, quando fazia uma expedição na Groenlândia para tentar medir a espessura da capa de gelo através de uma metodologia inovadora. No entanto, sua teoria não morreu, graças ao geólogo Alexander du Toit que se incumbiu de provar a Teoria da Deriva dos Continentes proposta por Wegener, mas no final, acabou seguindo por caminhos errados.
A teoria demorou 50 anos para ser aceita pela comunidade cientifica e mesmo após ser aceita, ainda havia um grande desconforto diante das ideias de Weneger. Ainda no sec. XX geólogos desenvolveram a teoria da Tectônica de Placas, tendo como base a teoria de Wegener.
Os méritos da descoberta de Albert Wegener são muito maiores que os aceitos usualmente. Podemos dizer que ele foi o Copérnico da geologia em sua época. Copérnico, na física, também não teve seu trabalho reconhecido pelos seus pares. A questão é que Wegener tinha ideias muito avançadas para a época, o que gerou muitas incompreensões. Estudos de muitos geólogos continham sempre muitas críticas dirigidas a ele, e questionamentos sempre muito superficiais e cheios de preconceitos, e não buscavam discutir questões importantes sobre sua descoberta.
Atualmente, as ideias de Wegener são amplamente aceitas pela comunidade cientifica, mas na época, seus pares preferiram deixá-lo como uma sombra incômoda. Ele não foi o primeiro e nem o último incompreendido dentro da ciência. Todos nós que amamos a ciência podemos um dia ser incompreendidos e ter nosso trabalho menosprezado, assim como ocorreu com Albert Wegener.
Fonte: amazon.com.br
Andressa Pelaquim
Doutoranda em Ciências da Saúde – UEL
Referências:
LAVINA EL. Alfred Wegener e a revolução Copernicana da geologia. Revista Brasileira de Geociências. 2010; 40: 286-99. Disponível em: http://ppegeo.igc.usp.br/index.php/rbg/article/view/7757.
KEHRT C. The Wegener Diaries: Scientific Expeditions into the Eternal Ice. Disponível em: http://www.environmentandsociety.org/exhibitions/wegener-diaries/biography-alfred-wegener.
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