fbpx

Até agora, o que sabemos sobre o COVID-19 e a perda de olfato?

Até agora, o que sabemos sobre o COVID-19 e a perda de olfato?

 

Inicialmente, pesquisadores sugeriram que a porta de entrada do coronavírus no organismo humano era o nariz e que possivelmente a perda de olfato nos indivíduos era decorrente do acometimento das células olfatórias, incluindo os neurônios olfatórios. No entanto, com o avançar dos estudos e, consequentemente, o maior conhecimento sobre o novo vírus, podemos dizer que a infecção por SARS-CoV-2 começa na cavidade nasal, mas não atinge todas as células olfatórias. Até agora, o que sabemos sobre o COVID-19 e a perda de olfato?

Um estudo liderado por neurocientistas da Harvard Medical School e publicado no dia 24 de julho na prestigiada revista Science, demonstrou que os neurônios olfatórios que detectam e transmitem a sensação dos odores ao cérebro não estão entre os tipos de células vulneráveis. E a chave está no receptor ACE2.

O novo coronavírus utiliza o receptor de angiotensina (ACE2) para infectar as células. Ele é encontrado em diversos tecidos humanos como rins, fígado, pulmões, coração, cavidade nasal, cérebro, etc. Entretanto, segundo os pesquisadores, os neurônios sensoriais olfativos não expressam o gene que codifica a proteína do receptor ACE2. O receptor é expresso nas células que fornecem suporte metabólico e estrutural para os neurônios olfatórios e para certas populações de células-tronco e células dos vasos sanguíneos.

Brann et al., 2020

             Segundo Sandeep Robert Datta, professor associado de neurobiologia do Instituto Blavatnik da Harvard Medical School, “nossas descobertas indicam que o novo coronavírus muda o sentido do olfato em pacientes, não infectando diretamente os neurônios, mas afetando a função das células de suporte”.

Ainda segundo o prof. Datta, isso justificaria o fato dos indivíduos terem uma anosmia temporária, com recuperação bem mais rápida em relação a outros vírus. Para ele é improvável que o COVID-19 “danifique permanentemente os circuitos neurais olfativos e leve à anosmia persistente.”

            Entretanto, os cientistas ressaltam que as pesquisas não devem parar, uma vez que é necessário compreender ainda mais o mecanismo fisiopatológico do SARS-CoV-2 no organismo humano, especialmente no que diz respeito à função olfatória.

Um dado que chama atenção é que pacientes com COVID-19 têm 27 vezes mais probabilidade de ter perda olfatória, e têm apenas cerca de 2,2 a 2,6 vezes mais chances de ter febre, tosse ou dificuldade respiratória, em comparação com pacientes sem COVID-19.

Esse achado reforça o quanto é importante estarmos atentos ao nosso olfato, e que talvez o teste olfatório seja a melhor forma, em relação à aferição da temperatura corporal, para identificar a infecção por COVID-19.

 

Andressa Pelaquim

Mestre e doutoranda em Ciências da Saúde – UEL

 

REFERÊNCIAS
Brann DH, Tsukahara T, Weinreb C, Lipovsek M, Van den Berge K, et al. Non-neuronal expression of SARS-CoV-2 entry genes in the olfactory system suggests mechanisms underlying COVID-19-associated anosmia. Science Advances. 2020; 6 (31); eabc5801. DOI: 10.1126/sciadv.abc5801
Jiang K. How COVID-19 Causes Loss of Smell? In: News & Research. Disponível em: https://hms.harvard.edu/news/how-covid-19-causes-loss-smell.

Gostaria de aprender mais sobre pesquisa clínica? Clique aqui

Gostaria de saber mais sobre as pesquisas realizadas? Clique aqui 

Gostaria de ser um apoiador para que mais pesquisas possam ser feitas? Clique aqui

Quer fazer parte desse time? Clique aqui 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *